O retorno solar, como já diz o nome, é quando o Sol volta para o signo, grau e minuto do nascimento. sendo assim, o retorno deve ser considerado também para o LOCAL de nascimento, afinal o Sol está retornando para este grau e minuto de acordo com a latitude/longitude da qual o nativo nasceu. é importante dizer que a Revolução Solar (RS) é uma técnica preditiva anual, e como toda técnica preditiva, ela delineia o cumprimento das promessas que o mapa natal faz. a RS sempre é lida junto ao mapa natal (chamado de radix, mapa radical, raiz), de forma sobreposta, vendo quais casas, planetas, lotes e estrelas do mapa natal estão sendo ativados e, consequentemente, quais previsões desdobrarão para aquele ano.
como coloca a astróloga tradicional Clélia Romano* "O que nos ocorre não tem uma causa física tal como um raio magnético que atua sobre nós. Não são raios físicos que partem dos planetas em determinada obliquidade que permitem que uma ou outra configuração nos descreva, a ponto de refazer nossa vida à medida em que nosso corpo se move de um local para outro."
ou seja, o local onde passo meu aniversário interfere de alguma forma o meu destino? sou da escola que diz que não. nosso destino é traçado de acordo com nosso mapa de nascimento e ainda que esse destino tenha suas nuances e camadas de acordo com nossas escolhas pessoais, o trânsito no nosso corpo no espaço físico não implica em uma mudança de previsões pessoais. na perspectiva cosmológica da astrologia, não existe uma forma de "driblar" o seu destino, a única forma de apaziguar os sofrimentos ou enaltecer os ganhos viria de uma forma virtuosa de LIDAR com seu destino, ou seja, fazendo escolhas que estão de acordo com seu destino, aceitando sem resignação aquilo que está previsto e fortalecendo as suas potencialidades. é uma liberdade pessoal e subjetiva diante de algo objetivo que é o destino delineado de acordo com o céu de nascimento e na qual as técnicas de previsão, sejam elas quais forem, desenrolam temporalmente.
o único astrólogo que encontrei que fala sobre isso é Alexandre Volguine, em livro publicado em 1937, onde ele cita um "astrólogo americano" (sic) que levantou esta hipótese em 1927 e, a partir de então, considera o local onde o nativo está relevante para interpretações da carta preditiva, a RS. algo que considero muito curioso é que os astrólogos que defendem o local como relevante, sempre indicam locais de grande prestígio, como a Europa, Tailândia, e nunca cidades pequenas e sem maiores atrativos.
um dos argumentos dos ditos astrólogos que defendem a astrocartografia é o levantamento do mapa de nascimento para o local onde a 'energia' planetária se torna melhor e, consequentemente, ver como é seu destino neste local. a partir daí não consigo nem mais avançar nos meus argumentos tamanha a distorção do conhecimento astrológico. o astrologuinho em questão deveria voltar muitas casas no que concerne Astrologia: ler a estrelas não se trata de 'energia' e levantar um mapa para outro local é literalmente analisar outro destino, de outra pessoa, nascida naquele mesmo dia em outro local do mundo.
o discurso do "viaje para ter um melhor destino" está perfeitamente aliado a um discurso neoliberal de "quer uma vida melhor? lute por ela!", desconsiderando todas as realidades, desigualdades sociais, questões econômicas etc. não tenho dúvidas, por exemplo, que eu enquanto pessoa queer, escritora e artista teria uma vida muito melhor em outro lugar. não precisa de mapa pra isso. no entanto, meu destino não foi esse. e mais fácil do que me organizar COLETIVAMENTE para mudar essa situação, é pegar um mapinha que melhora meu destino individual e eu individualmente posso prosperar. não consigo argumentar com isso. é anacrônico demais.
por fim, eu só fico com aquele sentimento do Caetano Veloso dizendo "Eu não consigo gravar muito bem o que você fala porque você fala duma maneira burra". os argumentos são tão distantes da fundamentação astrológica, baseada em invenções e achismos, que só me resta deixar essa contribuição pra quem tem interesse.
obrigada se você leu até aqui! :)
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a referência é do *Capítulo 2 Clélia Romano, in Técnicas Astrológicas Preditivas, Edição do Autor, 2015.
abraço,
Bárbara Ariola.