Gosto muito de falar de Vênus. Tenho muitos planetas do meu mapa nos termos de Vênus, e depois que descobri isso, muita coisa se explicou. Resumindo, os 'termos' astrológicos são baseados numa tabela e é como se o planeta assinasse um 'termo', literalmente, com aquele planeta. Eu sou uma grande contratada da Vênus, portanto, ainda que à primeira vista seja um planeta fraquinho no meu mapa. Sendo assim, vou reproduzir aqui uma série de textos que escrevi sobre Vênus no Instagram - então já peço desculpas se for repetitivo pra você, mas de quebra estou escrevendo esta introdução. :)
A Vênus é um planeta que chamamos de 'benéfico' pois na tradição astrológica o benefício é ser úmido. Já adianto que, ao meu ver, a dicotomia bem versus mal não cabe aqui, é só importante que você saiba que Vênus é umidade, portanto ela cresce, multiplica e fertiliza. Vênus rege as delícias materiais do mundo e o que provém delas: sexo, arte, entretenimento, diversão, esportes, competição, comida boa, criação, expressividade...e o que provém, os prazeres, o júbilo, o bem-estar, mas também os exageros, excessos, vícios, escapismos, ou seja, tudo vai depender de vários aspectos posicionados dentro do mapa (para além da Vênus, óbvio).
Dito isso, acho que vale uma reflexão acerca desta simbologia (eu poderia ficar parágrafos falando sobre, mas eu acho que muita gente escreve o tempo todo sobre o assunto, e não serei repetitiva, só oferecer o que tenho da minha experiência): acho que pensar em Vênus me coloca constantemente na revisão de entender amor, relações, criação e prazer. Que a gente já vive dentro de uma ideologia dominante já sabemos (você sabe, né?), basicamente baseada em romance, Cinderela, par perfeito, idealismo etc, mas como isso vai se expressar dentro ou fora da norma no destino de um sujeito? Quando a gente lê nos manuais: “Vênus é amor”. Tá, que amor é esse?
É por isso que falo exaustivamente: oráculo é contexto. Contexto dentro de uma sociedade, mas também contexto dentro de uma realidade específica de cada grupo, demarcado por sua situação familiar, racial, de classe social, geográfica...ligando todos esses pontinhos conseguimos de forma mais contundente dar uma previsão de um possível destino, além de entender de onde viemos e onde é potencial seguir, ou onde é mais desafiador, às vezes até impossível! Dizer "ah, Vênus posicionada de X jeito é bom, e de Y é ruim" é muito equivocado se não estamos falando de um contexto.
Então os próximos textos que chegarão à respeito da Vênus que vou compilar aqui neste site/newsletter não é uma sentença, é uma reflexão minha (baseada em estudos e da-lhe seis anos aí atendendo centenas de pessoas risos), mas que você pode associar sempre lembrando que você não é uma gaveta classificada num grande armário. Sua vida é contextualizada. Em outras palavras: você está dentro de uma família, de um bairro, de uma cidade, um estado, um país, com seres vivos ao seu redor, humanos e não-humanos, e toda essa experiência será atravessada por vários outrem. Antes de internalizar algo como "ah, minha Vênus é em tal signo, então eu sou assim", é mais interessante pensar: isso que essa astróloga aí tá dizendo se encaixa como no meu contexto? (se é que se encaixa, né parceiro? não precisa concordar com tudo!).
Por fim: como o amor se expressa em nossa realidade contextualizada? E como o posicionamento da Vênus, no céu, com seus potenciais simbólicos, reflete a realidade materializada aqui do mundo terreno?
Lembremos, afinal, que amor é uma invenção cultural. E se tem algo que aprendi na antropologia, é que não é porque é invenção que não existe. De que forma a gente inventa isso em nossos destinos?
Vou finalizar com a intelectual bell hooks, que em seu livro "Tudo sobre amor" (2020, editora Elefante) também flerta com ideia de mapa e destino (veja só!) quando fala sobre amor:
"Definições são pontos de partida fundamentais para a imaginação. O que não podemos imaginar não pode vir a ser. Uma boa definição marca nosso ponto de partida e nos permite saber aonde queremos chegar. Conforme nos movemos em direção ao destino desejado, exploramos o caminho, criando um mapa. Precisamos de um mapa para nos guiar em nossa jornada até o amor - partindo de um lugar em que sabemos a que nos referimos quando falamos de amor." (p. 58, grifo meu)
Portanto, minha gente, o destino pode até ter seu quê de determinação, mas é uma determinação dentro de um símbolo. Se a gente dichava, compreende, explora, ama, aceita, e brinca com a simbologia possível, muitas guianças possíveis podem ser traçadas. Veja bem, possíveis, não infinitas. Mas que bom poder contar com prazer da finitude, né?
Um beijo, espero que gostem dos textos de Vênus que virão!
Bárbara Ariola.
imagem acima: The rebirth of black Venus, da artista Billie Zangewa, 2010.
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