Dando início aos posts de Vênus, vou fazer na sequência conforme a Vênus for ingressando nos signos, tá certo? Porém todavia entretanto, no momento em que isto esta sendo escrito, a Vênus já está em Touro: sendo assim, hoje vamos de Vênus em Áries e na próxima sexta-feira, dia de Vênus, a gente fala da Vênus em Touro.
Áries é o signo onde a Vênus está em detrimento, em exílio. É onde Vênus se sente desconfortável, pois não tem compasso com sua natureza agradável, doce, prazerosa e confortável. Marte, sendo o deus da guerra, cruel e pertencente aos lugares de batalha, certamente não oferecerá lugar para que uma Vênus tenha um amor tranquilo. tanto que na mitologia, Vênus e Marte se encontram em um amor proibido, fruto de um adultério. há versões do mito que contam que desse relacionamento surgem os filhos Deimos e Fobos, o Terror e o Medo, respectivamente. além disso, conta-se que depois de serem descobertos, Marte abandona Vênus que, enfurecida, lança uma praga para que Marte se apaixone por todas as mulheres que vê. sendo assim, Marte possui, muitas vezes, de forma abusiva e violenta essas mulheres. uma alusão coerente pensando que dessa relação nasce o terror e o medo. importante essa pontuação pois, muitas vezes, veremos afirmações errôneas que Vênus em Áries é uma Vênus quente ou de caráter sexual. na verdade, a Vênus em Áries está debilitada, e, por isso, não terá os olhos da beleza e deleite. essas características são próprias de uma Vênus em domicílio (Libra ou Touro), enquanto a Vênus em signo de Marte verá batalhas a serem travadas no lugar onde deveria descansar-se.
Mas como nem tudo é uma sentença negativa, como eu já disse no texto do post anterior, do exílio que se inventa a sobrevivência. Planetas em exílio - ou seja, no signo oposto aos que regem - são considerados uma debilidade na Astrologia Tradicional, pois não operam de acordo com sua natureza, trazendo maiores desafios e dificuldades. A Vênus ingressa em Áries, a deusa do amor nos territórios de guerra. A arte no lugar da assertividade. A diplomacia no lugar do agressivo. Como nada no destino acontece apenas por azar ou fatalidade, àqueles que nascem com a estrela errante do amor sob o signo marcial, possivelmente aprenderão sobre amar, sentir prazer e deleitar-se de outras formas. Não é sinônimo de nunca viverem estes assuntos, mas terem que 'se virar' pra acontecer. E como no destino as coisas dependem do contexto social que vivemos, muitas vezes isso envolve quebrar paradigmas e inventar novas dinâmicas. Vênus, por ser prazer, é também comodismo, o confortável. Há certos destinos em que, para encontrar o que é cômodo, é necessário passar pelos incômodos. Para viver um grande amor, se perguntar: afinal, o que é >um< grande amor?
Então finalizo aqui com uma fotografia que eu fiz de uma árvore do cerrado, que tem uma característica que ilustra bem o que quero dizer, penso eu. Fui para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, em fevereiro deste ano, e aprendi que as árvores do cerrado tem todas essa “casca” mais firme, como se fosse um revestimento a mais. Isso acontece pois no cerrado há muitas queimadas, não apenas provocadas, mas “naturais” digamos assim, por conta do próprio calor da região. Não sou das biológicas, então não vou arriscar muito, mas há até um documentário antropológico chamado Outro Fogo que testemunha a relação do fogo com o bioma do cerrado, onde há interferências humanas e não-humanas. Dentre elas, há a técnica do “manejo”, que é um período do ano onde agentes ambientais intencionalmente provocam o fogo que é manejado para um mesmo ponto (!), possibilitando que ele não se alastre, e faça a renovação do solo.
Podemos então observar que a condição da árvore se desenvolve a partir do seu território. A árvore, neste bioma, já cresce com a proteção ao que normalmente outras árvores não estão acostumadas, mas também não resistem, que são os incêndios.
É isso que quero dizer quando falo de sobrevivência no exílio. São formas de ser árvore, crescer como uma, viver como uma, mesmo quando o ambiente não é tão úmido, próspero e fértil à elas. E que se existem muitos tipos de árvores e cascos, então o que seria uma árvore? Assim como perguntei do amor, existe >uma< árvore?
Mais ou menos por aí. :)
Bárbara Ariola
textos originais reproduzidos no meu Instagram nos dias 7 de março de 2018 y 2 de maio de 2022, mas alterados, revisados e atualizados para este blog/newsletter. :)
Muito bom 🍃
Excelente, Bárbara! 🤩