é um pouco difícil de eu tentar traduzir, porque essa Vênus, pra mim, tem um rosto. mais de um, na verdade, mas tem um mais marcado. e uma textura de cabelo, um cheiro, um manifestar no mundo que é difícil traduzir sem me recordar da experiência de quem carrega Vênus em Câncer logo no ponto ascendente, que é o Eu do mapa astral.
é curioso o fato de que Câncer é regido pela Lua, a responsável pela memória. e cá estou eu, lembrando. e nessa dificuldade, em coisas que são tão atreladas à nós, as águas ficam meio turvas, igual um mangue de caranguejo. o que é água, o que é lama...? às vezes a tradução exige distância. exige proximidade pra entender o contexto, mas distância pra não colocar tantos juízos. e Vênus em Câncer me diz mais do que muitas outras, porque não compreendo sua natureza de ser (não tenho uma no mapa rs), mas sei como se olha para uma.
é bonita.
Vênus tem dignidade por triplicidade em signos de Água, e em Câncer, a casa da Lua, a expressão manifestada da beleza tem aquele paradoxo estranho da Lua que é a inconstância constante. mudar de fase todas as semanas, mas ainda assim serem fases iguais e previsíveis. a complicada e perfeitinha, sabe? rs tentar reter as águas abundantes de Câncer é em vão. esse signo jorra, nutre, alimenta, mas assim como a água segue corrente. não se detém. segue em corrente. "foi um rio que passou em minha vida/e meu coração se deixou levar". e que onda, que avalanche, que tempestivo. e que calmaria, e que córrego, e que alento.
sei não. coisas da Lua não tenho muita habilidade mesmo. a Lua rege também os delírios, as loucuras, e eu sempre preferi colocar os dois pés firmes no chão. só que o amor não é feito de chão, né?
como nada é permanente, nem mesmo os ciclos, nem a Lua, nem o navegar, na Vênus em Câncer a gente larga o timão e se deixa amar.
(rimou, que brega).
Bárbara Ariola.
texto originalmente publicado no Instagram @bariola, aqui melhor desenvolvido e adaptado. :)